POR QUÊ OS EVANGÉLICOS NÃO ORAM PARA MARIA?
MARIA NÃO PODE INTERCEDER POR NINGUÉM.
Afirmação corriqueira de um
católico romano: "Por que os
evangélicos odeiam Maria, a
mãe de Jesus?"
Nada mais improcedente! Os
crentes em Cristo não detestam
a Sua mãe, pelo contrário, a tem
em grande estima. Prova é que,
seguindo sua ordem aos
empregados na festa de
casamento em Caná, fazemos
tudo o que Jesus nos manda
(cf. João 2:1ss). E tudo que o
que Jesus nos ordena está revelado em Sua Palavra.
Por isso mesmo, não damos a Maria glórias que não lhe cabem. Contudo, não a destratamos por isso, pois a Bíblia diz que Maria foi bem-aventurada entre todas as mulheres (Lucas 1:48). Ela foi a mãe do Senhor Jesus, por isso, devemos respeito, admiração pela mulher que foi: um exemplo de crente em Cristo!
Geralmente as críticas aos evangélicos neste âmbito advêm do pouco conhecimento em relação à história desta magnífica personagem bíblica. Também, não é para menos, pois a vida de Maria – ou o pouco de sua trajetória – é relatada apenas nos quatro evangelhos e no início dos Atos dos Apóstolos. Depois disso, não se tem mais menção à vida de Maria, nem mesmo nas três epístolas universais e no livro de Apocalipse de autoria do Apóstolo João (a quem Jesus incumbiu os cuidados de Sua mãe, cf. João 19:16,17).
Pois bem, onde os Escritos Sagrados se calaram sobre a vida de Maria – até porque não era ela o centro das Boas Novas, mas, sim, Jesus –, a tradição "completou" com seus relatos. Eis aí o maior problema: esses relatos distorciam a visão sobre esta humilde serva do Senhor, chegando a contrariar as Sagradas Escrituras. Está aí o princípio da visão distorcida da vida da mãe de Jesus.
Maria e seus títulos
Os evangélicos não atribuem à mãe de Jesus títulos como "Mãe da Igreja", "Rainha" e "Senhora" simplesmente porque a Bíblia em o Novo Testamento não lhe denomina assim. Tais títulos não são encontrados nos quatro evangelhos, nos relatos dos Atos dos Apóstolos, nas epístolas apostólicas e no livro de Apocalipse. Vale salientar que no Novo Testamento temos um Evangelho, três Epístolas Universais e o último livro, Apocalipse, escrito pelo discípulo João, que cuidou de Maria, por ordem de Jesus (cf. João 19:16,17).
Cabendo ainda ressaltar que nenhum dos apóstolos ou escritores sagrados fala de Maria como "mãe da Igreja". A Igreja tem um Noivo: Jesus (cf. Apocalipse 19:7), que também é a "cabeça da Igreja" (cf. Efésios 4:15; 5:23).
Em segundo lugar, o título "Rainha" tem uma referência no Antigo Testamento, já que era assim denominada uma divindade pagã: "rainha do céu" (cf. Jeremias 7:18ss), adoração a qual irava ao Senhor. Interessante notar que o título àquela divindade pagã é o mesmo concebido por muitos católicos romanos à mãe de Jesus. Geralmente a defesa destes é que, por Maria ser a mãe de Jesus, e Ele sendo Rei (cf. 1 Timóteo 6:15), então, ela seria "rainha" por consequência. A mãe do médico é médica? Não necessariamente, não é mesmo? Se Maria fosse "Rainha", a Bíblia o declararia. Não é o que se vê nas Sagradas Letras!
Por fim, tem-se o título de "Senhora" que também é dado à mãe do Salvador Jesus. A Bíblia declara que há "um só Senhor" (cf. 1 Coríntios 8:6) e que não devemos servir a "dois senhores", ou se agradará a um ou se agradará ao outro (cf. Mateus 6:24). O argumento de que Maria é "Senhora" porque Jesus é Senhor também não encontra respaldo aqui. Nem há necessidade de dizer por quê. Nenhum dos discípulos ou apóstolos chama Maria pela alcunha de "Senhora", nem mesmo Lucas, que em seu Evangelho detalha a visita de Maria à sua prima Isabel, que declara, cheia do Espírito Santo, que Maria é a mãe do Senhor dela (de Isabel)1.
A Palavra chama Deus de "Deus dos deuses" (cf. Daniel 11:36), e sabemos que não há deus além do nosso Deus (cf. Deuteronômio 32:39), então, sendo Deus também "Rei dos reis" e "Senhor dos senhores" (cf. 1 Timóteo 6:15), afirma-se também que não há outros "reis" e "senhores", embora saibamos nós que sejam títulos terrenos, mas em se tratando da esfera divina, não há outros "reis" nem outros "senhores", só Jesus é o "Rei dos reis e Senhor dos senhores".
Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Pedro, Tiago e Judas, escritores do Novo Testamento, em nenhum momento chamam Maria por nenhum desses títulos ("Mãe da Igreja", "Rainha" e "Senhora"), e sabemos todos que estes sacros escritores foram inspirados pelo Espírito Santo de Deus, que não é de confusão. Se fosse para chamarmos a mãe de Jesus por estes títulos, o sábio Espírito Santo teria inspirado aos escritores a assim escrever. Porém, como vemos, não há menção deles, não é verdade?
Intercessão de Maria?
Jesus declarou claramente que Ele é o CAMINHO que leva até Deus (cf. João 14:6). Paulo declara que há UM SÓ MEDIADOR entre Deus e os homens: Jesus Cristo (cf. 1 Timóteo 2:5). Só estas duas referências bastavam para afirmar cabalmente que não há outro intercessor, mediador entre nós e Deus, a não ser Cristo Jesus. Ora, só Jesus é 100% Deus e 100% homem, logo, só Ele pode ter essa função.
Vejamos os fatos que concorrem para não se crer numa intercessão mariana. Primeiro, em NENHUM LUGAR do Novo testamento vemos algum texto dizendo para rezarmos a ela, pedirmos sua intercessão. Nem João, seu "filho adotivo" (cf. João 19:16,17), a menciona como medianeira, intercessora! João escreveu o Apocalipse aos 90 anos, tempo o suficiente para Maria estar no céu, intercedendo pelos cristãos (se isto fosse possível). Mas em nenhum de seus escritos (Evangelho, as três Epístolas Universais e o Apocalipse) João faz menção a isso.
Em segundo lugar, Maria não é e nunca foi divina, logo, não tem nenhum dos atributos que são unicamente do Todo-Poderoso: a Onipresença, a Onisciência e a Onipotência. A primeira, Onipresença, quer dizer que Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. A segunda, Onisciência, diz que Deus sabe de tudo antes que aconteça, que Ele sonda os pensamentos. Já a terceira, a Onipotência, diz que Deus pode todas as coisas. Maria não poderia estar nem em dois lugares ao mesmo tempo, que dirá em mais de um bilhão de lugares simultaneamente, já que o número de católicos romanos é em torno disso. Tampouco Maria teria poder para atender sequer um desses fiéis. E não me digam que os católicos não crêem que é Maria que lhes dá a bênção, porque é assim que crêem. Só Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, só Ele pode conceder bênçãos e só Ele sabe de todas as coisas, pois Ele é Deus!
Outro fato a ser notado, quando o Apóstolo João foi ao céu em visão, ele viu Maria? Vasculhe do primeiro ao último versículo de Apocalipse e você não encontrará nenhuma referência sequer à mãe de Jesus. Muito menos que ela está à destra de seu filho, intercedendo pelos cristãos. Simplesmente porque ela ainda não está no Céu dos céus, ela está no Paraíso, ou Seio de Abraão, descrito por Cristo na história do Rico e Lázaro (cf. Lucas 16:20ss; 20:43). É para lá que vão aqueles que morrem (dormem) em Cristo e que ressuscitarão no Arrebatamento da Igreja (cf. 1 Tessalonicenses 4:16ss). Tão simples e tão claro! Está lá, na Bíblia, examine-a!
Oração mariana: Ave Maria
Como vimos acima, para que Maria atendesse alguma oração, seria necessário que ela tivesse alguma característica divina – pelo menos, a Onipresença. Porém, a Bíblia diz que não há outro Deus além do nosso Deus (cf. Isaías 43:11; 44:6; 45:6), e que Ele não reparte a Sua glória com outra pessoa (cf. Isaías 48:1). Logo, não há um ser, além de nosso Deus, que tenha Seus atributos: só Ele é Onipresente, Onipotente e Onisciente! Nem mesmo os anjos, que são superiores a nós, podem estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo.
Outro fato merece menção: a oração da "Ave Maria". Diz a oração: "Ave, Maria Cheia de Graça. O Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres. Bendito é o Fruto do vosso ventre: Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém". A referida oração tem base em Lucas 1:28. Mas só a base mesmo, pois a metade dela é extra-bíblica, chegando também a ser anti-bíblica.
Senão, analisemos: o termo usado em grego em Lucas 1:28 pelo anjo do Senhor para saudar a Maria não é "cheia de graça", mas "agraciada". Se você puder ter acesso ao texto original, verá que, para se referir a Jesus, o termo "cheio de graça" é πλήρης1 χάριτος2, em grego (cf. João 1:14). Esta expressão ("cheio de graça") é usada para se referir a alguém que concede algo a outra pessoa. Neste caso, é usado corretamente, pois sabemos que Jesus nos concede graça, ou seja, favores que não merecemos. No caso de Maria, o anjo jamais usaria o termo "cheia de graça", pois ela estava sendo "agraciada", contemplada, presenteada por Deus, no fato de ser a mãe dAquele que viria a salvar o mundo. Neste caso, em grego, o termo usado pelo anjo para Maria foi κεχαριτωμένη3, em grego. Como se pode ver, πλήρης χάριτος ("cheio de graça") não é igual a κεχαριτωμένη ("agraciada").
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1. πλήρης,a: cheio; completo.
2. χάρις,n: graça; favor imerecido.
3. κεχαριτωμένη: agraciada; favorecida; abençoada.
Deus não tem mãe, pois Ele não nasceu, não foi criado. Ele é o Criador de todas as coisas (cf. Gênesis 14:19). Certo que Jesus é Deus, mas também Ele é homem, e, como homem, é que Ele tem mãe, não como Deus.
A outra parte da oração que diz: "rogai por nós pecadores", também não condiz de maneira alguma com o ensino bíblico. A Bíblia fala apenas de um Intercessor (cf. Romanos 8:34), Mediador (cf. 1 Timóteo 2:5) e Advogado (cf. 1 João 2:1): este Alguém é Jesus. Ainda sim, como pode alguém que morreu interceder pelos vivos. E se a questão levantada for que a Bíblia não fala da morte de Maria, isso não quer dizer que ela não tenha morrido, pois também a mesma Bíblia não relata a morte de seu esposo, José. E, no entanto, não sabemos todos que José, pai adotivo de Jesus, morreu? Sobre este assunto, trataremos mais à frente.
Por fim, se Maria estivesse a interceder pelos cristãos, por que João, aquele que cuidou dela a pedido de Jesus, não a viu em sua visão lá do Céu, no Apocalipse? Simplesmente porque tal fato não encontra apoio bíblico.
Se Maria não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo (e sabemos que não pode mesmo!), então orar a ela também não tem sentido.
Ascensão de Maria aos céus?
É outra crença que merece apreço: a suposta subida de Maria aos céus. A ascensão de alguém aos céus é algo tão extraordinário, que merece menção na Bíblia. Tirando a ida de Cristo aos céus, a Bíblia só relata outros dois fatos parecidos, e ambos no Antigo Testamento: o caso de Enoque, a quem o próprio Deus o tomou (cf. Gênesis 5:24) e o de Elias, a quem Deus tomou num carro de fogo (cf. 2 Reis 2:1).
Como se pode ver, a subida de alguém aos céus algo tão fantástico, que merece ser citado na Bíblia. E por que seria diferente logo com a mãe de Jesus? Não falamos de qualquer uma, falamos da genitora do Salvador!
Obviamente, em ambos os casos relatados os trasladados (transportados) para os céus, não foram para o Céu dos céus, onde estão Deus e Seus anjos adorando-O. Pois se assim fora, João teria relatado a presença de Enoque e Eliseu no Céu, mas não o faz, por quê? Porque não há um só Céu, mas há "céus", você já parou para pensar que a Bíblia fala de céus no plural? Paulo relata que conheceu alguém que foi ao "terceiro céu" (cf. 2 Coríntios 12:2). Somente pelas palavras do Apóstolo, vê-se que há três céus.
Por isso Cristo disse ao ladrão arrependido: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23:43). Veja que Cristo não fala "Hoje estarás comigo no Céu", mas diz "paraíso", porque o paraíso é um dos "céus", por vezes, com o nome de "seio de Abraão" (cf. Lucas 16:22). É para este lugar que vão os que dormem (morrem) em Cristo. Se assim não fora, João teria relatado a presença de diversos irmãos cristãos, como Paulo, por exemplo, que fora morto muito antes de João falecer.
Por isso que Jesus disse que "ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem" (cf. João 3:13). Note que Jesus define "céu" e não "céus", especificando o lugar de Sua morada. Logo, crer que alguém esteja no Céu além de Deus, Jesus e Seus anjos é heresia!
Maria e seus filhos
Maria teve outros filhos além de Jesus? A resposta a essa pergunta vem da Própria Palavra. A Bíblia declara que Maria era virgem ao se casar com seu esposo, José (cf. Isaías 7:14; Lucas 1:27). A mesma Bíblia diz que Jesus foi o filho primogênito de Maria (cf. Lucas 2:7). O Dicionário Aurélio define "primogênito" como o "primeiro filho", "filho mais velho". Ora, Lucas, escritor do terceiro Evangelho, era médico, então, com propriedade, podia usar este termo se referindo a Jesus como sendo o primeiro filho de Maria, o filho mais velho. Logo, é de se crer que Maria teve outros filhos. Qual o mal nisso?
Os evangelhos relatam diversos momentos de Cristo com sua família. Senão, vejamos: teve um momento em que, escandalizados, os judeus referenciam o pai adotivo de Jesus (José), sua mãe, irmãos e irmãs (cf. Mateus 13:55,56). Em outra ocasião, Jesus falava a uma multidão, quando a mãe e os irmãos Dele chegaram (cf. Mateus 12:47ss). Em outro momento, os irmãos de Jesus O expulsam de casa para que Ele Se mostre ao povo (cf. João 7:1ss). Lucas relata a família de Jesus reunida com os discípulos e as mulheres no Cenáculo, buscando o revestimento do Espírito Santo (cf. Atos 1:13,14).
Há ainda outras referências aos irmãos de Jesus: 1 Coríntios 15:7 e Gálatas 1:19. Este Tiago aí não pode ser nenhum dos outros homônimos (de mesmo nome) dos discípulos, pois está num contexto bem diferente, e Paulo o trata de forma diferente também. Ainda vale ressaltar que Judas se referencia como irmão de Tiago no prefácio de sua Epístola Universal (cf. Judas v. 1). Sabemos que, entre os discípulos, não havia um Judas irmão de Tiago, mas que haviam dois irmãos de Jesus chamados Judas e Tiago (cf. Marcos 6:3), logo, é de se supor que o Judas em questão é o irmão de Jesus.
Sabemos todos que muitos dos Salmos são chamados "messiânicos" porque se referiam profeticamente ao Messias de Israel, Jesus Cristo. No Salmo 69 versículo 8, é dito pelo próprio Messias: "Tornei-me como um estranho para os meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe". Ora, e não foi o que houve com Jesus, relatado em João 7:5? Diz o texto: "Pois nem seus irmãos criam nele".
Tem coisa pior para uma pessoa do que nem seus próprios familiares não lhe darem crédito? Pois foi o que aconteceu com Jesus: nem Seus próprios irmãos, filhos de Sua mãe, acreditavam nEle! E "irmãos" aqui não é no sentido de "primos", pois o Novo Testamento fora escrito em grego, que diferencia claramente ambos os termos, ou seja, tem um termo para "irmão" (em grego, adelphós) e outro para "primo" (em grego, anepsios). Se esses IRMÃOS/ÃS de Jesus são Seus primos, por que então não temos nenhuma tradução católica romana substituindo estes termos por PRIMOS/AS? A resposta é simples: NÃO SE PODE ALTERAR A VERDADE!
Portanto, você que lê este breve estudo, pese bem estas palavras na Balança da Verdade, a Palavra de Deus. Se eu disse alguma coisa que fugiu ao contexto bíblico, mostre-me! Mas se tudo que disse aqui está correto – e eu sei, pela autoridade do Espírito Santo de Deus que sim! –, então, não incorra mais no erro de idolatrar a mãe de Jesus, que é bem-aventurada, sim, um exemplo para todos os cristãos em todos os tempos e lugares, mas que não tem nenhum dos títulos que a enaltecem, como vimos acima. Deus te abençoe, em nome de Jesus. Amém.